Transcrição do episódio 10 - Linguarudos, onde habitam e do que se alimentam?

CONVIDADOS FALAM: eu tagarelarei, tu tagarelarás, ele tagarelará, nós tagarelaremos, vós tagarelareis, eles tagarelarão.

ANA KARLA: Hey, everybody! Este é o décimo episódio do LínguasCast, o seu podcast sobre linguagens, identidades e otras cositas más. O título do episódio de hoje é: “Linguarudos, onde habitam e do que se alimentam?” Let’s que vámonos!


LETÍCIA: Olá, linguarudos, linguarudas e linguarudes! Sejam bienvenidos ao o

Decimo episódio do LinguasCast. Eu sou a Letícia.


DAVI: E eu sou o Davi. Hello my tongue twisters, welcome to our podcast. 


LETÍCIA: O tema do episódio de hoje tá na ponta da língua e é  o Linguascast.


DAVI: E, para falar sobre ele, nós convidamos toda a equipe do Linguascast.


LETICIA: E pra começar nós perguntamos pra professora Ana Karla, coordenadora do projeto de extensão que é o LinguasCast, como tudo começou? 


ANA KARLA: Bom para responder essa pergunta, vocês vão ter que me ajudar. Porque tudo começou com vocês 2, com a Letícia e com o Davi me procurando no ano passado, para por por conta de uma ideia, para discutir identidades, linguagens, subjetividades, mas não sabendo muito bem como fazer isso. Então a gente se reuniu e me ajudem a lembrar os fatos.


TODOS: Hahaha (risos)


ANA KARLA: - E conversando, né? A gente, vocês tinham a ideia de fazer algo semelhante e talvez ao labint não foi Letícia, que era o projeto de ensino.


LETÍCIA: E que a gente tinha algumas discussões a partir de coisas que o labint a tinha suscitado em mim, não é? A gente discutia bastante eu e o Davi por causa da questão da língua, mesmo sendo ele do inglês, eu de espanhol, nos interessava essa relação justamente com o sujeito e, como as línguas nos constituíram diferentemente, mas ao mesmo tempo também nos aproximavam, né? 


ANA KARLA: - Exato, então vocês tinham essa ideia de fazer as discussões. O labint foi um projeto de ensino na época, então vocês vieram com essa ideia também da possibilidade de que tipo de projeto a gente poderia fazer um projeto de ensino, um curso, um… Um é projeto de pesquisa, não é? Tinha até essa ideia também do projeto de pesquisa, mas precisava ser algo que pudesse chegar até mais pessoas, né? Que estão fora daqui, do nosso universo da universidade. E aí nessa conversa eu dei a ideia de fazermos o podcast, porque seria algo que a gente poderia atravessar os muros da universidade, foi isso, né? 


LETÍCIA: - Foi e também algo diferente, assim, de fazer circular essa essas nossas produções, assim, essas as nossas reflexões, que a princípio partem de textos que a gente discute nas reuniões, né? Então, parte de um teórico, mas acaba virando uma coisa que é para todo mundo, né? Então, essa era uma ideia também o podcast fazer circular mais em espaços que geralmente a academia que essas discussões não chegam.


ANA KARLA: - Isso poder também trazer convidados de fora, né? Trazer é convidados que fossem professores da rede, por exemplo. É pessoas que aprenderam línguas, então pessoas que não estivessem envolvidas nesse universo é acadêmico. 


DAVI: - É, eu lembro de quando a gente sempre conversa muito e a Letícia, né? A gente sempre conversava o quanto também, que as nossas conversas das nossas discussões, elas não foram importantes também para nossa própria formação? Então eu fiquei pensando, quanto que não podia essas discussões é importante para outras pessoas também, como que a gente não podia levar isso para alguém, eu não tinha ninguém pra conversar, aí a conversou solitário é…


TODOS: Hahahaha (risos) 


DAVI: - Então eu não sei se é, eu sempre tive comigo esse compromisso, né, da docência muito forte eu sempre refletir sobre a minha formação e eu não tinha com quem conversar muito. As pessoas da minha sala, sabe, as pessoas foram se descobrindo professoras ao longo do curso e eu já entrei querendo ser professor, então foi mais ou menos essa ideia, né amiga? 


LETÍCIA: Aham, eu acho que sim, até porque a gente já se aproximou, o Davi não é meu calouro que nem eu falei ele é do inglês, né, gente, assim, então, e eu sou de espanhol, mas ele entrou no ano com os meus calouros, entraram e já desde aí até a questão do do próprio movimento estudantil, que foi o Ceac, nos aproximou muito e que possibilitou muitas discussões também, que em o Davi falou essa questão do compromisso não é da nossa função social como professores também. Então até isso, assim, de como divulgar de fazer essas discussões e de estabelecer discussões com professores da rede que nem a professora falou agora. Então isso também é importante para a nossa função social, né? 


DAVI: - Sim, está na justificativas também, né? Do projeto, quando a gente escreveu elaborar o material assim, sabe de que forma que esse material pode ser útil para outras pessoas, deixar disponível. Essa era a ideia.


ANA KARLA: - Aham. E aí, depois dessa reunião, nós escrevemos o projeto, não é? Eu pedi para vocês colocarem num arquivo compartilhado ideias de vocês para a gente começar a redação, e aí escrevemos.


DAVI: - loucamente hahaha (risos)


ANA KARLA: - Ele foi aprovado e quando nós iniciamos, vimos a necessidade de aumentar a equipe e aí entram todos os outros alunos que foram aos pouquinhos. É compondo, né? A equipe do línguascast.


DAVI: - O nosso ninho cresceu.


LETÍCIA: - Hoje somos nove, né? Então, em outro momento desse mesmo episódio, a gente vai estar todo mundo junto aqui também, vamos escutar as outras pessoas que fazem parte dessa equipe.


ANA KARLA: - Bom, e eu quero saber de vocês também, não é? 


DAVI: - Hahaha, virou o jogo.


ANA KARLA: - Virou agora eu entrevisto. O que significa para vocês dois fazer parte da equipe do línguascast?


LETÍCIA: - Ah, vou começar. É bem isso, assim é fazer parte de uma equipe. Na produção, essa produção de conhecimento. Mas as trocas, escutar o outro, né, que nem eu já falei? A gente tem reuniões semanais, né? Então, para a construir os roteiros, para discutir os textos, para discutir as próprias perguntas que a gente está construindo e a gente se faz essas mesmas perguntas que a gente faz para os convidados, né? Em conjunto, em grupo, isso faz com que a gente possa conviver com esses diferentes olhares sobre essas coisas que a gente geralmente pensa sozinhos. Então é bem isso. Assim é fazer parte de uma equipe e se a gente for pensar aos nossos convidados também em cada episódio, acabam temporariamente, fazendo parte da equipe, porque algumas respostas fazem a gente abrir a mente assim para outras coisas que a gente não tinha pensado, né? 


DAVI: - É, eu acho que é muito disso também, é essa relação com o outro, sabe?

É o quanto que o outro não não está na gente, ele não entra na gente, e essa relação. Acho que a maior coisa que fica para mim, de línguascast é a colaboração. É conhecer, né? As pessoas, a gente acaba ficando amigo, né? Eu encontro as meninas da equipe nos corredores. Eu acho que é isso que significa o línguascast pra mim, a amizade e a colaboração, a participação, estar juntos é muito bom assim.


LETÍCIA: - Até porque se a gente for pensar as questões de pesquisa mesmo, né? A gente trabalha com pesquisa, eu também trabalho com pesquisa, só que é um trabalho solitário, ele é um trabalho solitário, é uma leitura solitária, é uma produção solitária. Por mais que a gente faça para os outros e que tem as reuniões de orientação que até trabalha com coleta de dados que tu tá convivendo com outras pessoas, é uma produção solitária e o línguascast não é nada solitário, né? 


ANA KARLA: - É tudo em conjunto, isso é legal, né? 


DAVI: - E o quanto isso pra mim é significativo DAVI: - Eu estou nesse processo de tentar escrever um projeto de pesquisa do mestrado. E como é estranho produzir sozinho, né? Depois de tanto tempo produzindo com as pessoas, como não é melhor, eu acho 1000 vezes melhor produzir junto com quem você gosta, com quem você tem certa intimidade.


ANA KARLA: - Tem afinidade


DAVI: - Não só parecido com você, mas assim, com as pessoas que estão no mesmo caminho, ali.


LETÍCIA: - E é uma questão de diálogo, né? Porque a gente, trabalhando, sendo uma equipe, eu acho que pressupõe o diálogo. Então, mesmo que as pessoas pensem diferente de ti, a gente está dialogando sobre a gente, não tá tipo assim brigando porque tem opiniões diferentes, não. A gente está dialogando sobre as coisas, né? E eu acho que também essa sensação de pertencimento, sabes o que tu fala assim também. Eu sinto muito essa de sujeito coletivo que está se formando um especialista de linguagens, né? Todos nós assim.

Mesmo a Júlia, que está na arte visuais, é também linguagens, faz parte do nosso mesmo eixo, se a gente for analisar toda a própria documentação não é sobre os eixos, né? Mas é, eu acho que é muito isso. Assim, a gente pertence é, faz parte desse sujeito coletivo que é o línguascast, mas que também é um sujeito dentro de uma coisa maior, né? Que somos formadores, futuros educadores, não todos, mas, tipo, eu parto do princípio que essas próprias discussão já nos fazem professores, mesmo que alguns de nós não vão para a sala de aula, entendeu? Acho que é meio isso.


DAVI: - Uhurum.


ANA KARLA: - Eu queria puxar um gancho de algo que a Letícia disse no comecinho da resposta dela de que algumas respostas dos entrevistados fizeram vocês pensarem coisas diferentes daquilo que vocês pensavam ter outras concepções, outras idéias, né? Então, depois desse de 1 ano de gravações, alguma concepção, alguma ideia ou sua própria relação com a língua e as linguagens mudou?


LETÍCIA: - Eu não diria que mudou para mim, pelo menos não teve. Mas ela ampliou. Não é poder ver como outros sujeitos a observar e falar sobre como outros sujeitos se relacionam com as suas línguas, amplia o entendimento até para ver que que a língua, que para mim é tão constitutiva, às vezes pro outro sujeito, não. Ela funciona realmente como esse instrumento para trabalho ou para né? Então é como eu falei, uma questão de diálogo, né? Eu estou conhecendo, eu estou me abrindo pro outro, sem um aspecto judicativo não é algo “essa pessoa precisa entender a língua dessa mesma forma que eu estou entendendo”, né? Então eu acho que ampliou. É essa essa minha concepção do que a língua pode ser, do que as linguagens podem ser, né?


DAVI: - É pra mim, eu concordo também . Mas, para além de ampliar, eu acho que ela afirma também o que a gente já tem construindo, né? Para mim, ao longo desses 4 anos de letras, foi afirmando as coisas que eu já vinha aprendendo, que eu já vinha mudando em mim, sabe? A minha própria concepção de língua, ela foi afirmada ao longo desse tempo e uma que uma coisa que ficou muito assim foi nos momentos que a gente fazia as perguntas sabe? O quanto que a língua não não carrega do outro, não carrega, o quanto que a gente não se preocupa de fazer as perguntas, sabe? É, então acho que foi isso assim, afirmar, ao mesmo tempo que ampliar ou expandir o que já se sabe sobre a língua.


LETÍCIA: - Isso que eu Davi está falando é bem essa coisa de do outro mesmo como essa alteridade assim, né, que constitui quem a gente é, então a possibilidade de ter como foco a língua, as línguas e as linguagens assim, e isso é como se reforça, mesmo assim, ao mesmo tempo que me permite estar mais aberta para o outro, reforça quem eu sou. E também apresenta a possibilidade de que eu possa mudar também meu pensamento em algum momento. 


ANA KARLA: - Eu acho que tudo que vocês fizeram e disseram até agora, reforça o tripé da universidade, né? Ensino, pesquisa, extensão, porque nos linguascast a gente tá nessa nas nossas reuniões, né? É trabalhando também com essa parte de ensino pesquisa também, tanto é que vocês vão apresentar trabalho agora, né? Não integra e a extensão que é o que a gente faz é o línguasCast é a extensão, acho que tudo que vocês falaram até agora reforça isso. 


LETÍCIA: Mostra que línguascast é pura práxis, não é?


DAVI: É.


ANA KARLA: - Bom, e eu gostaria de fazer também a pergunta que vocês fazem para todo mundo.


TODOS: - HAHAHA (risos)


ANA KARLA: -Então, olha só… quanto da identidade de vocês, como pessoas sujeito no mundo tem relação com as línguas que vocês falam e vocês conseguem se imaginar sem alguma delas?


LETÍCIA: - Eu não consigo me imaginar sem as minhas línguas. As mais constitutivas que eu vejo, assim, a língua portuguesa e o espanhol espanhol faz muito parte de mim assim, né? E mas essas outras línguas também, que eu tenho tido contato assim, outras línguas que, por exemplo, a própria web assim oportuniza esse contato às vezes streamings, e tudo isso assim, eu acho que essas coisas começam a circular, sabe? Eu acho que é o interesse na língua e nas linguagens que é constitutivo de mim. Então, essas línguas me constituem, eu não me vejo sem elas, mas outras línguas também começam a fazer parte a partir do momento.


ANA KARLA: - Te provocam.


LETÍCIA: - É, eu acho que a provocação é constitutiva, sabe? Ao mesmo tempo, que me coloca num espaço desconfortável de que eu não sei aquele idioma ou de que eu não sei aquela língua me chama para saber um pouco mais, então eu acho que é que é isso, assim elas me oportunizam todas as línguas me oportunizam um maior conhecimento do que me interessa e aí, de quem eu sou.


DAVI:  - Essa pergunta, eu acho ela tão… aí falei, por que que a gente vai fazer essa pergunta? Quando eu falei nossa, eu que vou ter que responder agora. Eu sempre sabia que minha resposta seria não, não tem como a língua me constitui, mas eu nunca sabia, sei lá como responder porque os comentários dos convidados são sempre tão eu acho tão bonito a maneira como eles falam da relação, língua, isso jeito, né? Eu lembro da resposta da Simone, que foi assim, encantadora, do primeiro episódio, eu fiquei apaixonado com a resposta dela.

Mas eu não sei se vou conseguir fazer algo parecido, mas talvez para justificar, eu lembro, acho que um dos primeiros textos que a gente leu foi sobre alguma coisa sobre psicanálise. A gente estava vendo, né? E eu sei que Lacan ele fala que o inconsciente se manifesta na linguagem, né? Um lugar onde a gente reconhece o inconsciente, a gente a gente consegue pensar sobre ele, é na linguagem. Pra mim, eu acho que eu gosto e por aí na resposta, sabe? A minha identidade está na linguagem, eu performo pela linguagem, pela língua, a minha reafirmação do que eu penso, do que eu só está pela língua, ela passa por esse lugar, então eu não consigo pensar que outro lugar eu manifestaria minha identidade, se não pela língua assim eu não sei como.


LETÍCIA: - É que a gente existe pela língua 


DAVI: - É a gente existe pela língua, então eu eu gosto de pensar isso assim, não, não tem como, não tem como. A língua, a minha própria fala se a gente for pensar, não é assim, uma pessoa gay. As pessoas sempre dizem nossa sua voz, ela te denuncia um pouco, Davi. Então acho que vem um pouco disso também, né? Isso denuncia um pouco, então acho que não tem como desvincular, sabe? A minha voz, a minha identidade, eu acho que é isso. Assim eu lembro também é de quando eu estava na escola. O Grêmio, o nome do da chapa, era a voz ativa. Acho que um pouco desde sempre, assim eu pensei na língua, enquanto a minha manifestação, né, manifestar quem eu sou pela língua sempre foi isso, assim.


LETÍCIA: - E você tem que responder também, né?


DAVI: - Verdade professora, hahaha (risos)


LETÍCIA: - Quanto às línguas que você fala Karla, também te constitui totalmente, não é? 


ANA KARLA: - Totalmente, não tem como me ver separada das línguas que eu falo tanto o inglês, que foi a primeira, é, digamos assim, língua adicional que eu aprendi, quanto espanhol, que é, além de ser uma outra língua, né? É o meu instrumento de trabalho, né? Sou professora de espanhol, então não consigo me ver de outra maneira, né? Então não consigo me imaginar sem a minha língua materna, sem o inglês, sem espanhol, sem as outras línguas que eu vou ouvindo também. Mas, diferentemente da Letícia, as línguas que ela desconhece trazem essa provocação de querer conhecer me causa um estranhamento. Acho que a gente já discutiu isso, né?


LETÍCIA:  - Aham, aham 


ANA KARLA: - Em relação a assistir séries.


LETÍCIA: - Série dublada ou legendada. 


ANA KARLA: - Isso,  dubladas ou na língua original. Quando são de é de outras línguas, né? Dinamarquês, línguas assim que isso me incomoda o não estar entendendo. Então eu preciso assistir dublado, né? E pra você não, você precisa assistir  legendada, porque você gosta.

 

LETÍCIAS: - Hahaha (risos), eu gosto, porque faz parte das minhas escolhas perpassa porque é uma língua que eu não conheço.


ANA KARLA: - Exato, então acho que são relações diferentes, não é de estranhamento, de provocação que as línguas causam na gente e cada um vai ter uma relação diferente com isso são subjetividades, né? Então, mas não consigo me imaginar sem esses idiomas, sem essas línguas que que eu falo e que fazem parte de mim, porque a partir do momento que você aprende que não sei que a mesa não é inglês é tem outro nome e em espanhol tem outro nome ou tem o mesmo nome, não é? Mas pronuncia de maneira diferente. Então é um outro modo de ver o mundo. Então é você aprende outras culturas, outras formas de ver o mundo, e acho que isso não tem como isso não te mudar de certa maneira, né? De constituir a sua subjetividade, a sua identidade.


LETÍCIA:  - Acho que era isso, né? Esse bloco a gente encerra então, obrigada Ana Karla, por ter vindo conversar com a gente. 


ANA KARLA: - Obrigada, David Letícia!


TODOS: - HAHAHA (risos)


LETÍCIA: - Obrigada por ter aceito a nossa ideia, de forma extremamente decolonial já é a segunda vez, então muito obrigada por estar sempre aberta para o que a gente também tem de ideia.


DAVI: - É verdade, eu acho que esse movimento assim, de é o que a gente tem feito também na línguascast, né? Convidar graduando, né? A produção de conhecimento, ela não se limita só a doutores. Eu acho que essa coisa eu me senti tão acolhido por você, professora, sabe?


ANA KARLA:  - Que bom! hahah (risos) 


DAVI: -  A senhora é tão aberta a receber Ideas, eu acho que isso faz parte mesmo de um compromisso seu, que eu acho tão lindo assim, da docência mesmo. 


ANA KARLA: - Educação democrática.


TODOS: Hahaha (risos)


LETÍCIA: - Então, era isso. 


LETÍCIA: - Pra começar eu vou pedir para vocês se apresentarem e falarem o que vocês fazem na equipe do Línguas Cast.


LUCAS: - Oi, Letícia. Meu nome é Lucas, eu faço parte da equipe de edição. 


KHADIJA: - Oi, Letícia, meu nome é Khadija e eu faço parte da equipe da transcrição.


PEVELLYN: - Oi, eu sou a Pevellyn e faço parte da equipe da edição. LETÍCIA: - Então, agora eu quero saber de vocês, como vocês chegaram até aqui no Línguas Cast, o que significa fazer parte da equipe pra vocês?


LUCAS: - Bom, eu lembro que eu estava em março fazendo coisas, assim,da minha vida, e quando meu telefone tocou era mensagem da Letícia, olha só que coisa interessante (risos), mandando três áudios super enormes pra mim, falando: - nossa, então, eu tô com um projeto de podcast da professora Ana Karla e tudo mais e cê não tem interesse? E embaixo, assim: - vale horas e aquele emoji de dois olhinhos. E na hora eu interessei, assim, não pelas horas, óbvio, mas porque eu sempre me interessei muito por línguas, tanto que minha escolha de letras foi mais pela possibilidade de aprender português, espanhol, latim, que por qualquer outra coisa.


LETÍCIA: - Áudios que eram, já eram quase podcasts, né? (risos)


LUCAS: - Exato, exato. 


KHADIJA: - Então, eu cheguei aqui de uma maneira inusitada, assim, foi inesperado. Eu estava um dia na sala de aula, conversando com a Pevellyn e com a minha outra amiga Juliana, então elas comentaram do projeto, sobre o projeto comigo e eu achei bastante interessante. E elas também comentaram que tinha uma vaga na equipe da transcrição. Aí no mesmo dia eu já falei com a professora Ana Karla e deu e deu tudo certo gente, vim parar no projeto e não me arrependo. 


LETÍCIA: - Ai que bom. 


PEVELLYN: - Bom eu, primeiramente, eu gostaria muito de entrar em um projeto logo que a gente voltou presencialmente pra graduação, só que as nossas aulas são de manhã, né? E eu trabalhava a tarde. Então, quando a professora apresentou o projeto pra mim e falou que as reuniões eram na quarta-feira, que é o único dia que eu não trabalho, falei, nossa, perfeito, vai dar certo, então eu falei assim, acho que eu vou conseguir fazer né? Então aí eu entrei também esperando me encontrar no projeto e foi o que aconteceu exatamente, porque eu escolhi o curso de letras porque eu gostava de línguas, de linguagem e o projeto pôde abrir minha mente para os estudos da linguagem.


LETÍCIA: - E depois desse nosso primeiro ano de gravações, de produção, alguma concepção ou ideia da sua própria relação com as línguas e linguagens mudaram, assim, as concepções de vocês?

 

LUCAS: - Ah, com certeza, com certeza. Eh essa primeira temporada, vamos dizer assim, do Línguas Cast, principalmente sobre os alfabetos, sobre, perdão, as línguas, visuais e espaciais, assim, mudou bastante, até porque a gente não sabia muita coisa sobre até como dizer a uma pessoa sinalizante, a uma pessoa que é falante da LIBRAS, por exemplo, uma coisa que a gente já viu inclusive aqui, alguns episódios antes e cara muita coisa mudou sim, hoje eu vejo com um olhar muito mais amplo sobre as possibilidades das línguas, das linguagens.


KHADIJA: - Então, no meu caso, com certeza mudou também esse projeto, fez eu expandir as minhas ideias, as concepções da língua, também me fez enxergar um novo horizonte, sabe? Aquilo que eu tinha parece que era uma uma coisinha tão pequena e após essa experiência de um ano, fez isso crescer de uma forma inexplicável.


PEVELLYN: - Bom, pra mim também mudou essa questão de percepção tanto da minha própria língua quanto das línguas né? De outras pessoas né? Como a minha identidade tem a ver com a própria língua que eu falo, com as línguas que eu falo e com as que eu estou aprendendo e é isso.

 

LUCAS: - Bom, queria só ressaltar também que o agir Docente foi criado e transformado aqui. 


KHADIJA: - Sim (risos). 


LUCAS: - De acordo inclusive com a apresentação que a equipe toda fez no Integra, né? Importante ressaltar.


LETÍCIA: - Uh-huh.


LUCAS: - Integra UFMS o evento.


LETÍCIA: - Sim, é, a gente vai falar um pouquinho mais sobre isso, eu acho, talvez a nossa segunda temporada (risos)


LUCAS: - vem aí gente, vem aí.


LETÍCIA: - Bom, e agora então, pra encerrar, eu vou fazer aquela pergunta que a gente sempre faz para todos os convidados, né? Quanto das suas identidade como sujeitos no mundo, tem relação com as línguas que vocês falam e se vocês conseguem se imaginar sem alguma dessas línguas?


LUCAS: - Eu acho que muitos, senão tudo, porque, Bom, querendo ou não a gente usa a língua pra existir, então não existe uma visão que eu tenha sobre mim mesmo sem as línguas que eu falo, sem português, sem o espanhol, sem o inglês, que, bom, são maneiras de me expressar, maneiras de me fazer existir em sociedade. Não tem como, não vejo, não vejo, não consigo.


PEVELLYN: - O Lucas já falou tudo. 


KHADIJA: - Verdade. Então gente, como o Lucas já mencionou aqui, a língua é algo fundamental, né? Assim, é indescritível o poder da língua. E não, eu não consigo me imaginar sem a língua portuguesa que é a materna e a espanhola também, que é a estrangeira. Está sendo uma experiência incrível poder estar aprendendo espanhol e desenvolvendo também a cada dia mais, eu estou gostando bastante dessa experiência. Não consigo me imaginar sem. 


PEVELLYN: - Bom, minha identidade também é inseparável da língua portuguesa, da língua espanhola, a língua portuguesa me acompanha desde que eu nasci né? Língua materna, o espanhol desde pequena e eu sinto que o espanhol é uma língua muito afetiva pra mim, porque é uma língua que me aproxima muito do meu pai, que foi quem me ensinou desde pequena a falar e quando eu descobria uma palavra nova eu ia mostrar pra ele né? Aí ele comemorava comigo, talvez ele nem conhecia a palavra também e aí eu ensinava pra ele, então esse, isso foi muito importante pra mim, né? No desenvolvimento dessa língua, né?


LETÍCIA: - Uhum. 


PEVELLYN: - Inclusive, conforme a gente vai aprendendo uma língua nova, mesmo no comecinho tipo quando a gente não sabe nada, parece que já vai se tornando uma coisa que é inseparável, entendeu? E é isso.


LETÍCIA: - que legal saber Pevellyn, eu não sabia disso daí, dessa tua relação com o espanhol, muito legal. E agora, então, a gente precisa finalizar com o nosso trava-língua, gente. Vocês vão ter que apresentar pra nós, né?


DAVI: – Então, nessa segunda parte do episódio, que estamos conhecendo o pessoal do Línguas Cast, e, para começar eu queria que vocês se apresentassem e falassem o que vocês fazem aqui com a gente no podcast, qual que é a função de vocês?

JULIANA: – Oi, eu sou a Juliana, eu faço parte da transcrição.

JULIA: – Eu sou a Júlia, eu faço parte da identidade visual.

ROSA: – Eu sou a Rosa e eu também faço parte da transcrição. 


DAVI: – Muito que bom. Gente, a primeira pergunta que eu tenho para vocês é a seguinte: como que você chegou até aqui, como que você ficou sabendo do Línguas Cast, quem que te arrastou pra esse buraco? E o que significa fazer parte do Línguas Cast para você?

JULIA: – Eu vi esse projeto ser pensado a primeira vez, eu acompanhei um pouco, não é?

DAVI: – Foi!

JULIA: – Então eu já sabia, assim mais ou menos, a ideia que tinha, a proposta que vocês queriam fazer, e aí acabou que eu fui entrando nessa também, na parte de desenho.

DAVI: – Isso que eu ia te falar, Ju. Porque de todos nós, você é a única que não é de Letras. Você faz Artes Visuais.

JULIA: – Hahaha (risos). Então!


DAVI: – Então como que… Você já sabia a temática que a gente ia trabalhar, esse rolê de línguas e de identidade, então o que mais te chamou atenção para poder participar?

JULIA: – Então, principalmente, o que me chamou atenção foi a própria questão da linguagem porque mesmo sendo da FAALC, da área de linguagens, o curso de Artes é um curso muito focado em estética, que por mais que seja uma parte muito importante teórica do curso, o que me interessa também é a questão da linguagem visual em si e como funciona essa comunicação. Então eu fiquei muito intrigada com a ideia de trabalhar uma visão de quem estuda Letras a partir de uma noção que eu tenho de linguagem visual, em relação a arte. Foi bem interessante, principalmente isso, foi o que mais me chamou a atenção.

DAVI: – Muito bom! E você, Rosa?


ROSA: – Ah, meu contato com o podcast foi meio que de paraquedas mesmo, porque eu fiquei sabendo totalmente por acaso, por grupo da sala, porque a Juliana ela tinha mandado um textinho divulgando que estava precisando de alguém pra completar a equipe da transcrição. E aí eu percebi que era uma coisa que eu já tinha escutado dentro das disciplinas e eu pensei: “ah deve ser interessante pra dar uma integrada com o curso”.


DAVI: –  Uhum. 


ROSA: – E foi aí que eu fiquei sabendo. Aí foi cerca de uma semana para eu estar participando das reuniões.


DAVI: – Nossa, bem pá, pum. 


ROSA: –  Bem pá, pum. 


DAVI: – E você, Juliana? 


JULIANA: - Foi através da professora Ana Karla, na aula de espanhol, ela apresentou o projeto e aí eu me mostrei interessada, eu e a Pevellyn. Antes também tinha o Gabriel, ele ia fazer parte também, mas ele acabou saindo. Aí veio a Khadija. Eu gostei de quando a professora falou, mas a primeira coisa que eu falei foi: “Professora, precisa falar espanhol?”, porque eu não sabia muito.


TODOS: Hahaha


JULIANA: - Mas foi isso. 


DAVI: –  Ah, isso é interessante também, porque a maior parte da divulgação foi feita nas aulas de língua espanhola.


JULIA: – Foi.

DAVI: – A professora Ana Karla, que é a coordenadora, ela divulgou com os alunos dela. E a Rosa é do Inglês.


ROSA: –  Aham 


DAVI: – Então tem só nós dois.


ROSA: –  Só nós dois.


DAVI: –  De Inglês. Pois é, tem que arrastar esse povo pra cá.

ROSA: –  Tem que.

DAVI: – Gente, acho que vocês não responderam essa, vou fazer de novo porque são duas perguntas em uma só. O que significa fazer parte do Línguas Cast para vocês?


JULIA: – Significa em que sentido? 


DAVI: –  Qual que é qual que é o… Não sei. 


ROSA: –  Como isso faz parte da tua vida.

DAVI: –  Você se sente como? Isso significa o que pra você? É significativo estar no Línguas Cat pra você?

JULIA: –  Acho que significativo sim, eu diria assim, se fosse num âmbito mais acadêmico. Assim, de estudo eu diria que é completamente significativo, mas agora sim mais individualmente falando, eu acho que toca muito na ideia de produzir algo em equipe mesmo. Não necessariamente como divulgação de pesquisa científica, mas como uma questão de ter a ideia de que uma coisa que nasceu assim, que começou como uma troca de ideias e foi evoluindo e aí agora fica toda a questão do projeto concretizado, sabe? E dá um sentimento de participação muito interessante.


DAVI: – Ai que legal. Então é paz e amor e união.


JULIA: –  É o coletivo!

DAVI: – E aí, Rosa? 


ROSA: –  Eu acho também, muito gratificante essa questão de trocar experiência com todo mundo porque são perspectivas diferentes. Então, tudo, quando a gente interage, seja por alguma coisa do podcast ou fora, porque acho que a gente criou meio que esse vínculo também. 


DAVI: – Sim. 


ROSA: –  Então eu acho que é bom para gente refletir e sair dessa questão acadêmica muito estrutural, muito normatizada, entendeu? Então a gente realmente, a gente cria uma coisa junto, então eu acho isso muito significativo, em relação a experiência. 


DAVI: –  Muito bom. Juliana? 


JULIANA: – Sim, eu também acho. Faço das palavras da Rosa, as minhas. É uma troca de experiências, e quando um precisa o outro está lá ajudando também, é muito bom. 


JULIA: – Eu ia dizer isso também, porque tu falou: “Ah preciso saber falar espanhol?”. Então todo mundo meio que veio: Eu sei o que eu sei, vamos ver o que eu descubro aqui!



TODOS: – Sim! Hahaha (risos)

DAVI: – Nossa, muito bom, gostei. Gente, a próxima pergunta. Já faz praticamente um ano que a gente está nessa, a ideia do projeto começou em novembro do ano passado. A gente está gravando esse episódio em outubro. Depois de um ano de gravações, esse tempo todo que a gente passou junto, alguma concepção, ideia ou a sua própria relação com a língua e as linguagens mudou nesse período todo? 


ROSA: – Nossa, muito. 


DAVI: – Pode falar então, Rosa. 


ROSA: – Tá. Não, eu acho que o Línguas foi assim mais um estalo inicial para eu perceber que língua também é identidade. Porque eu caí aqui no começo da minha graduação. Então, tipo assim, foi um um rolê muito diferente para mim porque eu não tinha, primeiro eu não tinha contato com a UFMS em si. Aí depois eu logo entrei e fui meio que acolhida por essa família Línguas Cast e aí eu fiquei muito pasma em relação à minha pessoa com tudo isso que está acontecendo com toda essa comunidade linguística, sabe? Então é uma coisa que deu um estalo depois que eu entrei.



DAVI: – Muito bom. Juliana?

JULIANA: – Sim. Eu sempre gostei muito de linguística. Aí participando desse projeto veio uma coisa mais forte ainda porque eu tive contato com todo tipo de língua nesse projeto. Eu falei: é isso que eu quero, vamos seguir. Principalmente com o surdo. Eu não tinha muito contato. Não sabia como era. E a partir de eu ter ouvido para transcrever eu falei: nossa eu preciso aprender a linguagem. 


DAVI: –  Libras. 


JULIANA: –  Libras, isso. 


DAVI: – Isso é muito interessante porque vocês duas são calouras, não é?

ROSA: – Sim.

JULIANA: – Eu sou veterana. 


DAVI: – Você chegou ano retrasado?


JULIANA: – Ano retrasado. Sim. E esse foi o meu primeiro projeto também. 


DAVI: – É, mas vocês ainda não estão na metade. Quer dizer, você já está na metade e a Rosa está no segundo. 


ROSA: – Eu sou um bebê, literalmente. 


DAVI: – É, é interessante perceber a diferença da resposta de vocês com a minha e da Lê. A Lê já é formada em Letras e eu sou do último semestre. Pra gente foi mais uma reafirmação do que descoberta. 


JULIA: – É uma práxis. 


DAVI: –  Isso! E pra você, Ju? 


JULIA: – Ah, para mim mudou bastante algumas coisas, não mudar  necessariamente, mas é porque a gente sempre tem umas noções na nossa mente que às vezes a gente precisa ter um contato e uma familiaridade maior com vivências e certos objetos para gente conseguir realmente pensar: “nossa eu não pensava dessa forma. Por que que eu não pensava dessa forma”, sabe? Então é bem o que a Rosa falou também…


ROSA: – Qual das partes?

JULIA: – Da parte de língua também ser identidade… Isso é muito legal também porque, é o que eu falei antes, tem toda essa questão da teoria na universidade e tal, só que quando a gente entra em contato com pessoas, que a gente dá um espaço para elas falar de uma forma que muitas vezes elas não falaram, ou a gente chega pra uma pessoa mora em outro lugar do mundo e fala: “como é que é essa experiência de falar essas duas línguas?”. Que é uma coisa que a pessoa pode estar querendo falar há um tempo e a gente abre esse espaço para ela e aí a gente acaba ouvindo, e pensa, e abre várias ramificações de ideias, de sócio linguagem. 


DAVI: – Eu estou pensando muito nisso ultimamente, sobre essa questão da divulgação científica porque se fosse para essas pessoas que a gente entrevista escreverem um artigo para divulgação científica, elas não iam escrever. E se a voz delas estivesse nesses textos acadêmicos ia estar em forma de entrevista, em forma citada, não ia ser a voz da pessoa falando. Eu acho mais significativo e interessante a gente trazer essas outra coisa assim.

 ROSA: – Tem outro peso.

JULIA: – Uhum. Eu acho que hoje em dia também tem muito essa questão do podcast porque quando eu e Rosa a gente estava apresentando no Integra,  aconteceu de uma das pessoas que queria ouvir. Uma pessoa que comentou que até trabalhava para uma revista eu acho…


ROSA: – Sim. Trabalhava para uma revista, eu acho.


JULIA: – E disse que a partir do momento em que eles começaram a pensar na divulgação e no conteúdo que estava dentro da revista e passar ele para forma de podcast, a revista teve muito mais acesso. Então eu acho que tem muito essa questão de, por exemplo, hoje em dia, claro que ler é muito importante, eu adoro ler as coisas da faculdade também, mas às vezes o texto pode ser muito mais extenso do que a gente precisava.


DAVI: – Mais limitante. 


JULIA: – Então, o podcast, a gente até comentou com essa pessoa que veio assistir, porque a pessoa pode ouvir o podcast enquanto ela está dirigindo, enquanto ela está no ônibus, sabe?


DAVI: – Lavando louça…


JULIANA: – Professor Elton. Ele no Integra: “quando que vai lançar o próximo episódio para eu lavar minhas louças?”

DAVI: – Ele deixa acumular um mês de louça para lavar bem no dia que lança. Gente, nossa última pergunta, essa pergunta a gente faz para todos que passam aqui. Eu acho difícil de responder. Eu lembro quando a gente elaborou, eu pensei, cara, não vou saber responder e tive que responder. Nesse mesmo episódio. Ela diz assim: quanto da sua identidade como pessoa, sujeito no mundo tem relação com as línguas que você fala? Você consegue se imaginar sem alguma delas?


ROSA: – Então, eu acho que boa parte do meu plano de expressão não existiria se eu não falasse as outras línguas que eu falo. Então, pego de novo nessa questão da identidade e de como eu me coloco porque quando eu sou enunciador aqui dentro do mundo eu sou alguém, eu me concretizo. 


JULIA: – Uhum. 


ROSA: – Então eu acho que eu não consigo mais me ver sem nenhuma delas. 


JULIA: – Então, eu acho que essa questão das línguas que se fala e das linguagens que se tem, toca muito para mim numa questão, por exemplo quando nós aprendemos a desenhar, aprendemos entre aspas, todo mundo sabe desenhar, essa que é a questão, por exemplo, todo mundo sabe se comunicar, de alguma forma. A questão é que a língua está aí para ser como se fosse um uma ferramenta para gente expressar isso de uma forma mais específica, mais social. 


DAVI: – Uhum. 


JULIA: – Mais aplicada ali, digamos. Quando a gente está desenhando a gente pode até ir para abstração, digamos, para as questões de desenhar a só forma, círculos, essa questão de deixar uma coisa bem… Quase um desenho infantil também, mas antes disso, a gente precisa conhecer as técnicas da figuração. A gente precisa ir lá e tipo: “ah, eu quero desenhar uma mão abstrata”. Quando tu quer desenhar uma mão abstrata, tu precisa saber desenhar uma mão anatomicamente correta, com a técnica ali. Então pega muito para mim essa questão de identidade junto com a diversidade que tem dentro dessas possibilidades. Então tipo, eu por exemplo agora acabei de falar tipo, sabe? Então assim eu tenho esse modo de me comunicar, mas se eu precisar ser mais formal também eu vou ser mais formal. Se eu quiser saber falar uma frase específica em alemão, ou se eu quiser começar a conviver mais com os seriados em alemão, ou francês, qualquer outra língua, existem todas essas possibilidades então eu acho que não precisa ficar preso nessa questão de tipo, eu vou fazer só este tipo de desenho, vou me comunicar apenas desse jeito, eu acho que é quase como se fosse uma expansão mesmo dessa identidade de uma forma cotidiana. 


DAVI: – Isso diz tanto sobre a identidade. A língua que a gente usa, porque a gente usa a língua de diversas formas. E isso diz muito que a nossa identidade não é fixa, ela não é estável, ela está sempre, tal qual a língua, sempre mudando. 


ROSA: – Sim, até porque quando a gente entra num lugar a gente meio que estabelece um contrato de se comunicar do jeito que aquele lugar está se comunicando, então a gente muda e deixa transparecer o que que a gente está querendo expressar mesmo. 


JULIANA: – É igual eu aprendendo espanhol. É uma coisa agora. Eu fiquei pensando porque foi exatamente isso que aconteceu. Porque eu entrei sem saber falar nada de espanhol. E agora eu estou pegando a identidade dessa língua pra mim.


DAVI: – Enquanto professora também.


JULIANA: – É! Aí eu não me vejo mais. Antes eu falava: “como que eu vou aprender essa língua?” E foi exatamente o que a Júlia falou. É buscando outras coisas. Não só ficar fixo naquilo, mas é buscando um filme, é buscando uma música, e assim agora eu não me vejo mais sem a língua. 


DAVI: – É, não tem como! Gente, é isso muito bom ter vocês aqui no microfone.


ROSA: – Muito obrigada!

TODOS: – Tchau, tchau!!

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